quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Confissão XIX

(Oração do que importa ou "da confusão")


Importa um dos cinco dedos, de um dos pés
para dizer que importa saber de cada parte
de cada sílaba
e cada letra de cada nome citado
e cada vírgula de silêncio reverenciado.

Importa dizer que o teu rosto inspira amanheceres.
Importa dizer que são várias cores envoltas em “vocêres”
que os lábios se espelham
que os olhos se envergam
que o nariz confessa, ao cheirar...

Importa o cheiro de suor impregnado no lençol.
Importa a espessura, a largura, o comprimento (e o cumprimento).
Importa o aconchego espertado
o abraço sem jeito, apertado.
Importa falar demais.

Importa saber se é “bom dia”
se é vazia a intenção.
Importa perceber quantas vias de regras poderíamos romper... e não saber.
Importa esquecer para lembrar.
Importa esperar... res-pirar... res-peitar.

Para que o versejo não seja de todo perdido.
Para que partida alguma perca seu sentido.
Para que hajam gritos e silêncios pontuais.
Para que não sejamos apenas “mais”, mas sejamos “mas”, no campo das possibilidades.
Para o nosso passo ser um misto de orgasmo e gratidão.

Pelo tempo, pelo movimento, pela sensatez.

Por nossos amores, por nossos clamores e contradições (confusões).

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