Os olhos fechados podem ler a espera
podem ver sentidos
penetrar abismos
podem abrir-se para a luz.
De olhos fechados o poeta talha-se
e de apertados cílios nascem a sorte e o azar.
São os olhos do poeta que se inspiram
são suas lágrimas e suas iris que tecem versos noturnos.
À luz do dia os olhos do poeta silenciam
calando até o mais estridente ruído.
Os olhos do poeta são pedaços
estilhaços
bagaços
farrapos
pó.
São os olhos do poeta que se enganam
quando muito, amam e desamam
(na velocidade da luz ou do tempo)
e por vezes proclamam
o que deveriam calar.
Os olhos do poeta andam falando demais, até quando fazem silêncio.
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