segunda-feira, 29 de novembro de 2010

do amor, o parto


o amor deixa-se enaltecer pelas madrugadas
sua máxima por excelência é o não contido
é a falta, o vazio, o desabrigo
mas o amor, se ele é, também há de ser o seu contrário
é a contradição mesmo da sua experiência falida
é o êxito de não ser
o amor não é.

e o contrário do amor, não é mais o uno-amor
o não-amor é múltiplo
porque é tudo o que o nega
o amor navega
pelas rotinas, oficinas, contramãos
o amor cabe nas palmas, nas almas, nas mãos
entre dedos, coxas, palavras, silêncios, nostalgias, ele abriga
o não-amor, por ele (o amor) nos obriga.

o amor vale-se dos dias
resvale-se das noites
samba nos becos, com enredos e batucadas mil
o amor em si, partiu
e abraçou, como o nada de que a vida se veste,
o mundo inteiro...
o amor se sobressai em fevereiro
carnavalesco, febril, fugaz
o amor assim se faz
e canta finta o ano inteiro
o amor, esse feiticeiro
entra e saí com a mesma medida
e a calhordagem da qual ele é capacho
não acredita, a despeito dos tolos, em seguir...


- o meu amor alimenta-se de parir.

Um comentário:

Sue Barroso disse...

acho que tô sensível.. ;~~

O meu amor, não é mais meu, se perdeu por ai à procura de si mesmo!