terça-feira, 30 de novembro de 2010

As Virtudes Cosmopolíticas e a Emergência do Cidadão Mundial*

O presente trabalho tem por objetivo abordar a questão das virtudes cosmopolíticas, presente no capítulo 12, da obra "Democracia no Mundo de Hoje", de Otfield Höffe, partindo do principio de que a possibilidade de um “Estado Mundial” razoável e justo só é possível de se pensar a partir da afirmação e vivência dessas virtudes. Há muito tempo, desde a antiguidade clássica, já se tinha conhecimento de uma teoria das virtudes cosmopolíticas. Também podemos encontrar apontamentos sobre essas virtudes na filosofia política de Kant. Porém, para Höffe, tanto as teorias da antiguidade clássica, como os apontamentos kantianos mostram uma abordagem insuficiente dessa questão. Na antiguidade clássica porque, por questões históricas, elas foram desenvolvidas como contraponto a uma teoria democrática meramente institucional e apenas no âmbito do Estado Nacional. Já Kant, segundo Höffe, mais especificamente em seu tratado À Paz Perpétua, somente as abordou de forma “incidental e generalizada”. A conclusão de Höffe acerca das virtudes cosmopolíticas é de que elas devem corresponder às demandas da sociedade globalizada. Não podem limitar-se aos Estados Nacionais e também não podem servir apenas como idéias reguladoras. O autor aponta uma definição básica das quatro principais virtudes cosmopolíticas como sendo 1. Senso jurídico mundial; 2. Senso de justiça mundial; 3. Senso cívico mundial e 4. Senso comunitário mundial. Essas quatro virtudes não se esgotam em si mesmas e abrem um leque de possibilidades para se pensar uma convivência harmoniosa entre os Estados em uma possível República Mundial, e podem ter como “produto” da sua ação eficiente o surgimento do “cidadão mundial”, que supera a idéia tradicional de “cidadão do mundo”, que conhece diversos países e culturas, mas não como parte da realidade que visita. O cidadão mundial é aquele que sendo fruto da concretização, ao menos em grande parte, das virtudes cosmopolíticas, sente-se parte dos diversos lugares e culturas, de maneira que por onde passa leva e traz conhecimentos e impressões, e é capaz de promover uma cultura mundial, sem barreiras lingüísticas, étnicas, geográficas e etc.

Palavras-chave: VIRTUDE. COSMOPOLITISMO. CIDADÃO DO MUNDO. ESTADO MUNDIAL.

* Resumo de Comunicação Oral para apresentar na X Semana de Filosofia da UECE, em dezembro de 2010.

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