quarta-feira, 7 de julho de 2010

O elogio da futilidade

(E por nada foge de si. Chama-me fútil, e no entanto: é o momento mais fútil da minha vida, porém é também o mais fértil, o mais puro e o mais febril...)

esse é o momento em que daqui por diante
nada mais de contraltos sem semitons e arautos!
nada mais de submissão aos falsos alardes de uma demagogia sã e “feliz”!
hoje quem manda é a orgia
de cara limpa, sem pressa...
hoje quem manda é quem meça
a distância sutil
entra a consciência auto-suficiente (que forças)
e o meu grito indecente de liberdade e desconstrução! (que fossas!)

livro o flagrante, e estou
nem à esquerda, nem à direita, nem centralizada
hoje estou solta no ar... condensada.
(canalizando minhas energias contra a fadiga dos mesmos passos)
hoje me revisto de espasmos, de forças livres, de magias...
hoje o comando da minha estrada são das alegrias...
sopro dos ares dos bares, das bibliotecas, das discotecas, das ruas...
hoje só me importam notícias de palavras nuas
não quero a veracidade de quem se nega à concessões.

o meu sentido pariu
e hoje estou farta de medíocres compaixões!
solidariedade para auto-afirmação de si
faz nojo!
e penso nos sutis, sutiãs de bojo
leio o meu jornal, vejo aquela peça...
subo aquele muro.
não pondero, não quero ou tolero e nem juro.

guardo um só motivo, minha pressa
não há mais culpa pelo meu discreto bocejar
não há desespero e nem o sossego da vontade de ficar...
(reflexos de um retrocesso (que vejo) vazio de sentido, de melodia, beleza, leveza, humor...)
eu quero apenas o fino contorno de um amor...
quero somente a cor... a sinergia.
hoje só me importa a elegia, esse não-lugar, esse corredor arado
sem paredes, sem chão, sem medida.

instantânea erro, sempre que posso tropeço
e quero de tudo haver, não dito
quero o pedaço, o quieto estrato de risco
e o que estiver errado, perdido no espaço
eu quero um pulo depois de cada passo
quero mais que um compasso para traçar circunferências
quero as inferências de um espiral incolor de horror
mirando ao infinito...
(eu quero a sina de saltar conflitos)

ouça se puder ouvir agora: isso é um grito.
um elogio à futilidade
um elogio à vida que dói, um alarde
e antes que seja tarde
perceba
falta-lhe concessões,
conceda!

3 comentários:

aL disse...

"meu grito indecente de liberdade e desconstrução! (que fossas!)" - Eu posso gritar também?!

o que é mesmo futilidade?!
ela se encontra onde?!
nos olhos de quem?!

"me elogie, me chame de fútil!"
já ouvi isso em algum bar, em algum lar, em algum lugar, no ar :)

Gra. disse...

deixa tudo de lado e mergulhe!

Freire.... disse...

se ser livre e feliz é sinônimo de futilidade. Q sejamos!

Elogio-a tb.!