quinta-feira, 26 de junho de 2008

Inconcluso

Inconcluso.
Parece cedo ainda. Parece que as coisas não foram todas ditas. Parece que a escrita não é, e nunca foi suficiente. O que é suficiente é pouco para quem se acostumou a sonhar. Mas suficiente é muito para quem da esperança nada espera a não ser beber da realidade de frágeis certezas.
Parece cedo, e quem vai dizer que não? O tempo na sua absoluta divagação, suponho, só faz sentido por dentro. Não podemos dar conta do tempo dos outros. Abarcar o mundo pelos ponteiros é limitar a si mesmo ás próprias aspirações.
Parece cedo, e é tarde. Nem o silêncio é capaz de dizer o que eu posso. Nem meu silêncio é capaz de trazer um motivo. Nem o silêncio, nem a lua, nem o cosmo, nenhum deus.
Parece cedo, não há poesia. Não há tristeza. Não há sequer intento. Não há vazio. Não há nada além da sensação.
Parece cedo, receio. E qualquer coisa que eu diga, escreva, cantarole, disfarce... Será qualquer substancia abstrata, sem fio, sem nexo, sem chão. A realidade por si só nunca me comoveu. Jamais desejei viver do que é passível de entender. Não procurei me responsabilizar por nada. Nunca fui ateu, sempre tive um Deus para culpar-se por mim.
Parece cedo, aparência. Quero uma licença para gritar. Perdão por abraçar esse momento. E uma única crença: no amor possível. Àquele que ainda não veio, que ainda não sinto.
Ediane Soares
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