Ela sempre volta. Agradabilíssima companhia. O salto, o vestido preto, os cabelos castanhos, quase loiros. E os olhos cor de fumaça... santa pecadora da "Zona Boêmia". Vem para lembrar de coisas como o tempo. Como a pausa. Como o fluxo da vida. Vem para explicar que o que não se explica basta-se. Vem, e pronto. Vagueia entre a poesia embriagada e a mais sóbria reflexão. Carnavaleia e nataliza. Chora junto, consola e acha graça. Segura o aperto do peito que vez por outra quer afetar. Solta e alivia. Sopra o sentido e legitima as palavras. Palavreia junto. Espera calmamente. Apressa desesperadamente. Guarda e entrega.
Personagem do Drummond, síntese de algumas das minhas inspirações.
Roberto Drummond que me perdoe, mas passou de romance: é minha "poesia" preferida.
E fazendo alusão à dedicação do conjunto de versos "Permissividades e dedicações" recito-a, Hilda:
"Eram uns olhos cor de fumaça (...); vinham deles, certas horas, uma sensação de festa no mundo, dava uma vontade de cantar, de dançar, de rir um riso doido e feliz, mas vinha deles também, quando olhava quando quem nos põe a culpa pelo que de ruim acontecia a ela, pelo que pudesse estar sofrendo, vinha deles a dor do mundo, um grito em silêncio pelos pobres da terra (...)" (DRUMMOND, Roberto. Hilda Furacão, p. 129)
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