domingo, 14 de novembro de 2010

Da fraqueza da carne (crua)

a carne é fraca, repetia
mas esquecia de entender-se pelos vocábulos que proferia
(recepção, despedida)
o quanto de folia
haveria de apetecer-lhe o instinto?
abraçou as pernas na inauguração do sofá
vestiu-se de palco
transfigurou-se em sapatilhas
em espartilhos e abaietés
- pela honra e pela lua em escorpião
pois ela nunca pensou em vingança
perdoou desde sempre as piruetas e saltos mais desajeitados
julgamento algum feriu sua averiguação
e como o tempo, parece, não passa, gira
volta e meia depara-se com certas situações
e o amor à exemplo da sua mais singela silhueta
traça 180 graus em semicircunferência pelo chão
não há paixão
não há confusão
não há conceitos
há prazer
e o lazer que se pode ter na ponta dos pés
há os pés
fixos, mas levemente flutuantes...
nada de amantes, nem amigas
duas idéias concedidas
à dois corpos repelidos
que se unem por resoluções
e entre o tédio e a emoção
é na fraqueza da carne que a alma vibra.




"Há sempre um lado que pesa e um outro lado que flutua.
Tua pele é crua."
(Otto)

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