segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Minha dúvida metódica (nada) cartesiana

“Creio que nunca existiu nada do que a memória mendaz representa; não tenho nenhum dos sentidos todos; corpo, figura, extensão, movimento e lugar são quimeras. Que será, então, verdadeiro?”

(DESCARTES).

A dúvida é um alimento.
Alimento da vontade de conhecer, de perceber, de conceber.
Alimento e falta de alimento.
Alimento e angústia, dessa mesma vontade.

Sabe quando começamos a fazer algo, julgando estar fazendo esse “algo” em sã consciência, e de repente essa mesma coisa, prestes a ficar pronta, não faz o menor sentido?! Pois é...

Eu sempre tive muita vontade de fazer uma coisa. Ensaiei várias vezes. Mas nunca, até pouco tempo, tinha encontrado um motivo que ao menos fosse "coerente" para que eu pudesse enfim realizar o meu desejo de fazer esse algo. Não sei exatamente o porquê dessa necessidade de um motivo. Mas enfim, recentemente o motivo surgiu.
Logo depois aprendi a técnica, pus a mão na massa, e ficou quase pronto. Quase...

A intenção era terminar antes da segunda semana de agosto.
Todavia, no entanto, porém... já tem uns dias que não consigo sentir vontade de terminar.
E já estava tão perto.

Acho que me enganei ao pensar que para fazer algo tão significativo (é muito significativo) bastaria vontade e intenção. Mas é algo que está para além. Não pode ser um simples presente (talvez), ou não pode ser uma simples promessa (eu não sei), ou não deve ser feito dentro do recorte de uma fração de tempo (efemeridade), uma emoção, uma confusão, um sentimento.

Penso que me enganei de movimento. Talvez para tal realização só a imparcialidade me conferiria a concretização. Talvez a razão tivesse ajudado. Talvez eu estivesse enganada. Existe uma ausência, um vazio imenso, entre o que eu estava fazendo e o “em que” esse meu fazer se transformou.

Não será mais um presente. Não será mais um transparente capuz que usarei para não falar sobre o que o meu objeto tão concreto quer dizer. Não será mais satisfeito o meu desejo de presentear a motivação de um feito com ele mesmo.

Me duvido muito enquanto a isso, e nada sei do que será. Será?!
Oxalá a vida não se atreva a me aprontar...

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