segunda-feira, 14 de março de 2011

antônimo

Ela vela as noites, transitando entre uma viagem e outra, em pensamentos. Cochilava e acordava com os ruídos da rua. Respirava como quem pisa na ponta dos pés, para não acordar o interlúdio musical que ao seu lado descansava merecidamente.

Os dias se passavam com uma inspiração oscilante, entre a calmaria de saber-se feliz, dentro daquilo que ela almejava para as suas realizações presentes, e a confusão que era cada nova descoberta de si. Foi-se embora o tempo da maldade, ao menos temporariamente, abria-se agora à sua frente um intervalo amoroso de construções diretas bem embasadas... com as suas devidas compilações.

Do outro lado da cidade ele "cantava", cantava como quem fala de si para se auto-afirmar. "Pop star" de si mesmo. Amigo temporário de qualquer um. No seu salão de ilusões reinventava novas velhas maneiras de ser o mesmo vil e vão homem original e livre. Anti-marginal. Pois até as margem dele fugiam.

O que havia de comum entre os dois?

- Nada!

E ela respirando aliviada repetia:

- Graças a Deus! Graças à Zeus e ao sem fim.

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