domingo, 24 de outubro de 2010

Absinto

O amigo, um dos queridos, das noites, dos pares, das traças, caminhava pela rua livremente, passos de inocente, peso de quem sente. Ela que de passagem pala avenida ia, parou e o chamou pelo nome. Ele respondeu e correu como quem some. Ele sorriu. Ela seguiu.


Ela foi para o show que há dias a esperava. Foi sem muitas guias. Foi porque queria. Foi porque era de graça. A noite inteira procurou se distrair. Não concentrar-se em pensamentos. Não repetir lamentos. Não inferir lembranças que não fossem as mais leves daquele dia.

Durante o dito show, não levantou o pé. Mal piscava os olhos. E ouvia cada palavra cantada como o mesmo susto que sentia, quando sentia o que sentia. Verbalizou cada batida e afinou os compassos dos tambores aos das suas conclusões. A noite foi linda e regada de suor, lágrimas e sorrisos. Pura energia espalhada. Pura. Espalhada.

Depois do espasmo e alguns goles virados, sem expectativa de “encontrares”, insistia em continuar a contenda do que a envolvia. Tentada a roer mais um pouco (era quase uma rotina) seguiu os transeuntes que pretendiam esticar, e esticou.

Passou pelos bares e “bisbilhotecas” por onde a inspiração caminhara displicente. Bebeu alguma coisa, dançou mais um pouco, caminhou sem sufoco, madrugou. E ainda, contudo, compartilhou a última cerveja que beberia naquela noite com o caso do acaso, um ocaso a se contar. Sentiu-se livre. Esqueceria. Ela agora tinha a maresia à seu favor. E consolou-se, porque quando invertia as situações vinham as alegrias, concluiu.

Não lamentou, pois sabe que o outro nome do mar, rima com engano, e que hoje em dia (e desde sempre em muitas línguas) não precisamos sempre de uma vogal para a formação silábica, e que a Virgem Maria e a sua mãe, são profissões do Evangelho que não precisamos explicar, ou entender, ou aceitar, ou crer.

 - Abusinhos à parte, absinto, adoro tudo que me rende algumas poesias. Muitas. Muito queridas.


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