Não pensa
Engole e abstrai qualquer palavra que queira saltar língua e dentalmente para fora da boca
Escuta o som das pessoas no bar
Desliza teus olhos para a nossa direita
Respeita o agora que é só para respirar...
Respira.
Toma um gole da cerveja já não tão gelada.
(Alguém puxa uma cadeira e nos força a companhia
Faz perguntas inconvenientes
Inocente.
E depois quando vai embora a gente já nem lembra mais o súbito olhar-se
Que nos acometeu)
Alívio...
Essa boca que de tão solta se perdeu desde o primeiro enlace entre-línguas e trava-linguas
Não cansa de querer pousar na tua...
E o burro de dentro do meu peito rejeita qualquer coisa que não seja ilustração
Um cheiro, um beijo e um desejo
A minha canção é a tua canção
E os outros, os da calçada, não sabem da morte das nossas clausuras
Não sabem da sorte das nossas loucuras
De muitos ensejos comprados
De muitos bocejos lesados
E da nossa alquimia de brisa e mar...
- Vamos brindar!
- Sejam felizes...
- Prosperem.
Ediane Soares
Um comentário:
INTENSA! Morro de medo de ti... tão cotidiana e cósmica ao mesmo tempo! Tua poesia me arrepia, sabia? E quando a tua inspiração vem assim, nesse tom de grito-de-libertação, ninguém te segura! A minha poetisa (poeta!) voltou. Com ares "remoçados" e farta inspiração. Que palavras-tapas! Que serenidade poética. Ai, ai.
Ju.
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