quinta-feira, 21 de agosto de 2008

=> Filosofia e Literatura (I)

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FILOSOFIA E LITERATURA:
"DUAS ALMAS EM UM SÓ CORPO"

Ediane Soares

Estabelecer um limite entre uma e outra é no mínimo uma tarefa difícil, e até mesmo inviável em alguns casos. Por que separa-las já que podem ser complementares? Desde suas 'origens', perpassando pelas narrativas míticas e as primeiras formulações racionais do pensamento humano, a filosofia é permeada pelo aspecto literário. Assim como também é possível perceber na produção da literatura, ao longo do tempo, a reflexão filosófica nas suas mais diversas formas, seja racional, moral, lógico, estético, etc; a obra literária desde a poesia até a prosa traz no âmago de seu conteúdo aspectos filosóficos.

Como ler um ‘Ensaio Sobre a Cegueira’ do José Saramago e não perceber toda a questão ética e moral que existe na reflexão da obra? Como ler um poema do grande Pablo Neruda e não se deparar com dilemas existenciais, posicionamentos e reflexões sócio - políticas ligadas à realidade onde o poeta está inserido? Seria o mesmo que desconsiderar o aspecto literário presente, brilhantemente, nos Diálogos Platônicos ou na Poética de Aristóteles, dentre outros.

É certo que em cada obra um aspecto sobressai ao outro, a apreciação de um romance ou de um poema difere enormemente da leitura de um tratado de filosofia, mas em ambos os casos o recurso da linguagem é empregado fazendo uso da forma literária e da reflexão simultaneamente. Sendo que algumas características, em cada caso particular, fazem com que identifiquemos uma ou outra como sendo uma obra literária ou filosófica, assim o que determina é o aspecto que prevalece.

Não podemos limitar uma à outra. Nem a filosofia como fonte de interpretação literária, nem a literatura como um simples recurso de exposição filosófica. Elas estão ligadas de tal maneira sutil que é possível essa relação passar despercebida. Em uma obra literária é mais fácil perceber uma reflexão filosófica, do que perceber o quanto de literatura se tem em uma produção filosófica, devido às características peculiares presente em cada uma.

Mas é nas entrelinhas, considerando os motivos que estão expressos numa obra, que podemos constatar como literatura e filosofia estão intimamente ligadas. Ambas com o propósito de comunicar uma ou várias idéias, fazendo uso da diversidade de recursos que a linguagem nos possibilita.


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