quinta-feira, 27 de março de 2008

Imobilidades Vossas de Cada Dia

O que é 'é', o que não é 'não é '.

Parmênides que me perdoe, mas prefiro o contrário:
Quando o invólucro das aparências nos engana;
Quando a linguagem não está clara;
Quando a vontade em si, mais que potência, é ato.
Perdoe-me também Aristóteles; perdoem-me poetas clássicos, filósofos pragmáticos, crentes e ateus!
Perdoe-me o tempo por tão pouco apreço!
Eis que assumo minha conduta imoral, incerta e insatisfeita com as deliberações do pensamento reto, das causas 'justas', da hora 'certa'.
Transmutados todos os ponteiros deste instante
Quebrados os estabelecimentos e as regras
Já posso montar meu quadro:
Minha obra-prima maior que qualquer Concerto
Meu recomeço... de cada novo dia,
De cada espera, sempre em movimento.
Que as minhas palavras, sejam recusadas, negadas, refutadas, xingadas, mal faladas, pouco amadas... ou não, pela ambigüidade que me for permitida ter.
São apenas palavras.
Elas são fazem parte do todo que amortece minhas perdas e danos;
Elas não correspondem à linguagem que está impregnada em mim;
Elas são finitudes do meu corpo presente...
Elas não são aquilo que está além do meu ser;
Elas não são o nada, e só podem nadificar-se por mim,
Elas são apenas em si, e para mim, não para si mesmas...

Ediane Soares

Um comentário:

Anônimo disse...

imóvel observando a FiloPoeta mais puramente "imoral" e mais imoralmente pura que eu já ousei con-templar e ad-mirar.

Quero um bem danado!

bjos!