sábado, 10 de novembro de 2007

Sextas-Feiras...

E se eu me adaptar?
Com a falta desse sorriso, assim, tão conclusivo...
Com o medo de dizer o que sinto muito, porque ninguém me diz...
Com a falta de vontade de ter vontade de sair...
Com o vinho em temperatura ambiente, mesmo quente...
Com a poesia que só eu posso entender e interpretar...
Com o ar condicionado detestável e sujo...
Com a tosse de novembro.
Com o vento que entra pela porta da cozinha espalhando papéis...
Com a droga da televisão a transmitir bobagens...
Com o café forte e doce demais...
Com a água meio a meio, gelada e natural...
Com o ônibus lotado ás seis e quarenta e cinco...
Com o relógio atrasado...
Com a insônia minha de cada noite...
Com um cochilo na hora do almoço...
Com o mau humor...
Com meu amor, astuto, febril, fantasioso e só.
Com minha solidão opcional, mas quase obrigatória...
Com a tua mão sempre distante e distraída...
Com a partida...
Se a noite não me for mais tão perceptível
Se eu não puder implicar com a sexta-feira
O que será de mim?
O que será da minha brincadeira?
Mortais que lêem o que rabisco em meus rascunhos confissões,
Não posso me adaptar a ser tão obvia
Não posso cantar uma música que diga algo por mim...
Não posso ser sutil quando tudo conspira por meu silêncio-confusão...
Não posso ser a mulher que nega suas juras de amor por vaidade ou medo.
Não posso deixar de ser poeta, para ser nesse mundo
Mais uma guardadora de segredos.

Ediane Soares

2 comentários:

Freire.... disse...

guardadora de segredos, quias segredos te guardam?

Frido disse...

Com minha solidão opcional, mas quase obrigatória...

Somos dois Obrigados a viver solitariamente achando que é opcional....